quinta-feira, 7 de julho de 2016

O hino galego de José Ramón Nine.


O Fondo Local de Música do Concello de Rianxo formou-se inicialmente com dois espólios que resultaram fundamentais para o estudo da vida musical da nossa vila no primeiro quarto do século XX. Trata-se dos arquivos pessoais de José Pérez e de José Ramón Nine Piñeiro, ambos os dois militantes do partido galeguista em 1933. [Saúde e República. Xosé Comoxo & Xesús Santos. Concello de Rianxo, Rianxo, 2006] Resulta muito interessante ver a quantidade de versões do hino galego que temos, mesmo alguma imprensa tal como a histórica Poudal/J.A. Veiga, a primeira edição registada legalmente.

©Xoan Antón Castro Barreiro

Uma destas versões resulta peculiar pois é feita para grupo de cordas, guitarra + bandurras. Este tipo de formação foi o preferido de José Ramón Nine Piñeiro, violinista e guitarrista competente. A comparação com outras partituras atribuídas a Nine, a sua caligrafia, o tipo de papel usado –com marca de água A.S.S.–, o contexto no que foi encontrado, a versão na que se baseou... leva-nos a pensar que foi realizada nunca depois da década de 20.
José Ramón Nine Piñeiro (1895-1936) era tesoureiro em 1918 da Unión Obrera, recentemente criada, da que figurava como presidente Manuel Rodríguez e de secretário Vicente Frieiro. Fazia parte da banda de música, sendo aluno da academia de José Benito Piñeiro Jamardo. Deveu estudar na Sociedad Económica de Amigos del País de Santiago de Compostela, tal vez violino.
Nine Piñeiro foi o grande rondalhista desses anos, continuando a tradição dos Losada. Este apelido está desde antigo associado às agrupações de cordas:

«La orquesta de Rianjo que dirige el joven e inteligente Sr. Losada ha cumplido con su deber, captándose tanto él, como sus discípulos las simpatías de los Sres. Socios e individuos de la Comisión de Baile [no Recreo Padronés].» Gaceta de Galicia: Diario de Santiago. Nº 57 11/03/1879

Em 1917 Nine Piñeiro dirige a rondalha de Os XIII, grupo inspirado por Arcos Moldes e do que fazem parte os Dieste e os Pérez. Também é encarregado de dirigir as comparsas do entrudo promovidas por Arcos. A sua relação com este tipo de agrupamentos levou-o a dirigir um concerto em Ribeira só quatro meses antes da sua morte a causa da tuberculose:

«Se hizo merecedora de aplausos la Rondalla de Rianjo, que en dicha velada benéfica prestó colaboración, habiendo actuado con gran acierto y ejecutando entre otras las obras "Leyenda del beso", "Danubio Azul" y "El sitio de Zaragoza". Reciban su director, don José Ramón Nine y demás componentes, una sicera y cordial felicitación.» El pueblo gallego. 29/03/1936

Na pós-guerra, anos depois da morte de Nine, um grupo de ex-alunos formam uma rondalha que leva o seu nome.

O hino.


O Hino Galego de Nine para guitarra e bandurras é, na realidade, uma adaptação da versão do mesmo para orfeão e acompanhamento de piano (tenores 1e 2 e baixo) que já aparece publicada nos Apuntes para la historia del Centro Gallego de la Habana [La Habana, Imprenta "Avidador Comercial", de Miranda, López Seña y Cª., 1909]. A guitarra -em clave de fa– segue quase literalmente a pauta da mão esquerda do piano e a primeira bandurra a do primeiro tenor. A segunda bandurra só está esboçada mas é claro que vai seguir a linha correspondente do segundo tenor.
Enfim, o documento desde um ponto de vista exclusivamente musical, não tem muita importância pois é uma transcrição quase literal duma obra para orfeão e piano a grupo de bandurras e guitarra. Para mim o verdadeiramente importante são as conclusões que desde o plano historiográfico ou do seu contexto social pudéramos tirar. Assim:
- Para mim é surpreendente que Nine utilize a partitura dos Apuntes... para construir a sua versão. Obviamente não estou a dizer que ele tivesse essa edição de 1909, pode usar qualquer cópia ou edição posterior, mas é claro que continua a tradição da impressão havaneira. A partitura de Nine está na tonalidade de sol, igual que a dos Apuntes... Existem outras edições posteriores do hino, por exemplo, em fá.
- Considero igualmente importante o fato de os galeguistas de Rianxo utilizar o Hino Galego em épocas das Irmandades da Fala e posteriormente, do Partido Galeguista. O papel de José Ramón Nine Piñeiro na música local é muito importante e resulta imprescindível estudar a estes músicos locais para explicar como um hino criado em 1909, só uma ou duas décadas depois, está perfeitamente socializado, tendo em conta a carência na Galiza dum governo autónomo.



Original Nine Piñeiro.


 Bibliografia sobre o Hino Galego:
-O hino galego. Documentos históricos. Ferreiro, Manuel.
[http://ruc.udc.es/dspace/bitstream/2183/16028/2/Ferreiro_Manuel_2007_Himno_Galego_Documentos_Historicos.pdf]
-Os símbolos da Galicia. Barreiro, Xosé Ramón & Villares, Ramón.
[http://consellodacultura.gal/mediateca/documento.php?id=102]

sábado, 2 de julho de 2016

As atuações de rianxeiros no programa Desde Galicia para el Mundo. Anos 90. II

Partilhamos a segunda entrega, e última, das atuações das agrupações rianxeiras no programa Desde Galicia para el Mundo, da TVE em Galiza.
No primeiro corte, podemos ver a Dança das Francadas, uma coreografia tipicamente Sección Femenina que tem os seus paralelos em outras culturas marítimas peninsulares. Bonita a peça musical e a performance das bailadora do Centro Deportivo e Cultural de Taragonha.

  Realizador: Julio de la Sierra
Apresentadora; Nazaret López
T.V.E. S.A.

 No segundo vídeo vemos ao grupo de gaitas do Liceu de passodobres por Tanxil. Beleza!

 
Realizador: Julio de la Sierra
Apresentadora; Nazaret López
T.V.E. S.A.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

As atuações de rianxeiros no programa Desde Galicia para el Mundo. Anos 90. I

No mesmo programa do que falávamos na postagem anterior, há uma série de atuações de agrupações rianxeiras que formam parte já do nosso imaginário musical. Uma das grandes surpresas que levei foi encontrar-me com Manuel Vicente "Chapí" e o seu grupo, interpretando O paraíso existe. Não tenho que dizer o muito que lhe deve Rianxo a este grande conservador da memória musical do nosso povo. Também é sabida a minha devoção pela Chapí, o Fígaro da rua do Médio, que como a personagem de Rossini era guitarrista e barbeiro. O grupo Os Chapís aparecem brevemente mas é suficiente para identificar a cada um deles. Assim que ânimo e enviai-me todos os nomes.
Depois, detrás da apresentadora Nazaret López, aparece a gaiteira Alma Caamaño, pondo, nunca melhor dito, toda a alma na interpretação e regalando-nos, como remate ao vídeo, um formoso sorriso.


Realizador: Julio de la Sierra
Apresentadora; Nazaret López
T.V.E. S.A.

Também aparece um vídeo verdadeiramente curioso da Coral do Liceo. Estão sobre o peirao de Tanxil, cantando Son de Rianxo, uma melodia tradicional ou quando menos de autor incerto a quem Prudencio Romo adatou uma letra bem bonita. A pena é que alguma das pessoas que estão a cantar já não poderão olhar novamente estas imagens. Como exemplo do que o tempo e as más práticas nos levou, ficam as saudades da praia de Tanxil, desse peirao desde o que se chimpavam os raparigos e que agora está absurdamente rodeado de areia. E claro, fica a imagem desaparecida, ou não, da Virgem de Guadalupe de Asorei. Bom, desfrutemos com a música e as imagens...

Realizador: Julio de la Sierra
Apresentadora; Nazaret López
T.V.E. S.A.

Continuará...

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Interior da casa de Castelao em Rianxo.

A princípios dos 90, a equipa do programa de TVE-G Desde Galicia para el mundo, capitaneado por Nazaret López, vieram a Rianxo a gravar um capítulo titulado «Rianxo, o paraiso existe». No programa podemos ver entrevistas e atuações muito interessantes e que formam parte já do arquivo histórico da nossa vila. Como exemplo dizer que há uma atuação do grupo de Manuel Vicente Chapi ou um percorrido pelo interior da casa de Castelao, que a dia de hoje supõe um documento excecional. 
Pouco a pouco irei partilhando os vídeos com as atuações musicais realizadas neste programa. Nesta primeira entrega deixo-vos com essa viagem ao interior da morada de Castelao onde podemos ver, na sua localização original, algum dos quadros que fizeram parte da exposição do museu de Ponte Vedra. Saudades!

Realizador: Julio de la Sierra
Presentadora; Nazaret López
T.V.E. S.A.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Xosé Duncan no Fondo Local de Música do Concello de Rianxo.

Quando fizemos a posta de largo do nosso Fondo, o 28 de março do 2015, no concerto titulado Rianxo na Belle Epoque, pedi a Xosé Duncán que lera um texto seu que se escuita-se sincronizado coa Valsa Rianxo, um experimento multimédia que saiu perfeito. E saiu assim porque com Duncan não há qualquer hipótese de improvisação. O seu trabalho é meticuloso, honesto e por cima, absolutamente generoso.
Entre os nossos fundos guardamos com verdadeiro amor o manuscrito de aquela miniatura com a que nos agasalhou. Hoje ponho-a na rede tal e como ele no la deu. Só nos falta a sua assinatura que lha pedirei este verão, quando acompanhada dos amigos e amigas rianxeiros, apresente na sua casa as suas novidades. Aguardamos-te.




sábado, 18 de junho de 2016

Marcas de Água.

Segundo a Wiki, uma marca de água ou marca d'água ou simplesmente filigrana é uma marca formada por diferenças na espessura de uma folha de papel, aplicando-se uma estampa na folha quando ainda está húmida. Pode ser vista apenas quando o papel é colocado contra a luz.
No nosso arquivo há inúmeros manuscritos escritos sobre papel com diferentes marcas de água que achegam informações muito valiosas. É pena que os catálogos de partituras que encontramos na rede apenas deem informação sobre as filigranas do suporte, o qual resulta uma informação do mais pertinente.
Em arquivos locais como o nosso, onde um apreende a identificar grafias, reportórios, usos... o tema das marcas de água ajudam a datar, achegam dicas sobre possíveis autores ou proprietários... Resulta curioso a fidelidade de alguns dos nossos autores a determinadas marcas, quiçá por serem as que na altura se vendiam nas papelarias locais, como a de Cándido González, La Colmena.
Nalguns lugares esta-se a gastar muito dinheiro em fotografar e catalogar estas marcas, como se pode ver neste vídeo que mostra o que se está a fazer na Berlin State Library. O investigador alemão fala dum custo de 100.000 euros. No meu caso utilizo um retroprojetor que me deixou o C.E.P. Brea Segade e a minha tablet. Não ficará tão bem mas o custo e zero. 
Deixo aqui alguns exemplos das marcas mais recorrentes: A.S.S. (Antonio Serra Sobrino), Romani, Villaseca, Papelera Española... 


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Fig.1, 2, 3, filigranas de Romaní, com o carimbo do mestre de capela e organista da Sé de Tui José Basadre List.

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Fig. 4 e 5. Romaní.


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Fig. 6, 7. Antonio Serra Sobrino.

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Fig. 8,9. Bonastre Vilaseca e Vilaseca y Cia.

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Fig. 10 Papelera Española.







sexta-feira, 10 de junho de 2016

As sonatas de Mireya

Hoje, no arquivo, andei a organizar os volumes impressos para piano. Alem dos estudos de Czrny, Bertini ou Herz, temos as sonatas de Beethoven e Mozart, mais algumas de Haydn. Não sabemos a quem pertenceram, só que estavam no contexto de outras associadas à família Dieste. 
As anotações marginais ou aquelas feitas sobre as próprias partituras sempre nos contam coisas; só há que ter paciência e saber lê-las.
As sonatas de Beethoven estão cheias de estas notas pianísticas a lápis, números para indicar a dedilhação e algumas palavras aclaratórias. O curioso é que estas palavras estão em inglês.
Se relacionamos este fato, com o resto de partituras onde aparecem os nomes de diferentes membros da família Dieste, considero mais que provável que essas indicações fossem feitas para ser lidas por Mireya Dieste, quiçá pelo seu professor londrino.
Eduardo Dieste, pai da pianista, foi cônsul geral de Uruguai na capital inglesa no período que vai de 1927 a 1931, é dizer, no intervalo dos 12 aos 16 anos de vida da menina.
Se estou no certo, e Mireya na altura já tocava o scherzo da sonata nº 2, Op. 2 [1795], haverá que concluir que foi uma pianista bem precoce.

Scherzo da sonata nº2, Op. 2


Fragmento da página anterior
com a indicação Double Sharp.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Jesús García Giménez e a história do òrgão na Galiza.

Quando organizava os manuscritos do F.L.M. chamou-me a atenção um maço de papel cosido em cuja capa podia ler-se Cantico á María Sma; Letra M. de Castro; Música de S. Tafall. O fato de conter uma obra do grande Santiago Tafall Abad fez que restara importância ao outro título que continha o maço, Flores a María Sma, de Jesús García Giménez. Tenho que reconhecer que o nome deste último autor nem me soava, e, portanto, também não sabia se era galego, músico profissional ou amador, etc. Agora, quando já tudo está no seu sítio e posso demorar em cada documento para contextualiza-lo, cataloga-lo, valorizar a sua importância na historiografia local e na geral, compreendi que detrás de Jesús García Giménez há uma história muito interessante que paga a pena comentar.

Síntese biográfica.

Jesús Ramón Evaristo García González nasceu as nove da manhã do 27 de outubro de 1863, na casa situada no nº 24 da Rua do Vilar. O seu pai foi Bruno García Monteira (1835-1919) de Santiago e sua mãe Rosa Giménez Díaz (1837-1898) de Padrão. De Bruno García conta-nos o Correo de Galicia, 6/04/1919 o seguinte:

«Ha fallecido en esta ciudad el octogenario D. Bruno García Monteira, padre del notable pianista D. Antonio Jiménez y de D. Jesús, profesor del colegio de Cee.
Poseía el señor García Monteira el título de abogado, y era el último condiscípulo del Sr. Montero Ríos.
Desempeñó el señor García más de cincuenta años el cargo de organista de esta catedral y llevaba quince jubilado.
Fué compañero de los insignes músicos santiagueses Tafall y los hermanos Curty.
Contaba con muchas simpatías en esta población, por lo que fué su muerte muy sentida.» 

O pai de Bruno, e avó de Jesús, foi o também organista corunhês Juan García.
Do casamento entre Bruno García e Rosa Giménez, realizado o 1 de maio de 1861 na igreja de Santa Susana,  nasceram, ademais de Jesús, Felisa (1862), Joaquín (1864), José (1867) e Antonio (?), este último concertista de piano, rondalhista, direitor da tuna...

Na imprensa de 1881, quando contava apenas 18 anos, aparece anunciado Jesús como afinador de pianos, com domicílio na Virgem da Cerca nº 5. 
Gaceta de Galicia 09/11/1881

Em 1890 já era professor de música no instituto Fernando Blanco de Cee, no que também exercerá como organista da sua capela. 
A princípios de 1925 é nomeado diretor da banda de música desta vila marinheira, onde fina em 1935.

Três peças do nosso acervo.

Entre os manuscritos de carácter religiosos encontramos as seguintes peças da autoria de Jesús García Giménez:

Jaculatoria [1ª e 2ª voz] Texto em castelhano. 29X21,5 cm;1 f; 2 p. 


Letania [A dos voces y organo] Texto em latim. 31,5X21,5cm; 1f; 1p. 1913 


Flores á María Stma Texto em castelhano. Filigrana: A[ntonio]. Serra S[obrino]. 31,5X21,5cm; 5f; 10p. 1921 


Unha vez terminemos de inventariar os documentos depositados no nosso arquivo, é possível que apareça alguma outra obra do músico compostelano Jesús García. Se isto acontece, ampliaremos esta breve postagem com as novas achegas.

sábado, 28 de maio de 2016

Angel Tembra, o cura cantor.

No F.L.M. contamos com documentos cujas notas marginais lembram a pessoas importantes para o nosso Concelho, que de não ser citados em dedicatórias ou assinaturas de propriedade, nunca teriamos falado delas. Este é o caso de Ángel Tembra González (1877-1924), padre que foi ecônomo de Rianxo e tenor muito solicitado na sua época. 

Síntese biográfica:

Ángel Tembra González (1877-1924) 47 anos.
- Dezembro de 1899 Prima Clerical Tonsura.
- Junho de 1903 Menores e Subdiaconato.
- Maio de 1904 Diaconato.
- Março de 1906 Coadjutor em Rianxo. Pároco Manuel Otero.
- Fevereiro de 1909 Ecônomo de Carreira.
- Novembro de 1909 Ecônomo em Ordes.
- Maio de 1910 Ecônomo de São João de Bujão.
- 19 de setembro de 1910 curato de São João de Bujão.
- Novembro de 1918. O Ideal Gallego desmente a notícia de que Tembra morreu com a gripe.
- 13 de outubro de 1924. Morte de Ángel Tembra em Dodro, fronte ao consistório, quando falava com o secretário da câmara municipal. Tembra estava agarrando ao cavalo e um carro o encabritou. Então véu um autocarro da linha Ribeira-Santiago e levou por diante ao padre e ao cavalo. No enterro, celebrado em São João de Laínho, assistiu D. Manuel Fernández Suárez, de Unión Patriótica e mestre em Dodro e D. Manuel Fernández Suárez, presidente da sociedade de agricultores. Cantou o tenor José Sánchez. José Calvo Sotelo enviou o seu péssame.

O documento.
Trata-se dum maço de papel pautado cosido, manuscrito com filigrana A.S.S. [Antonio Serra y Sobrino], 22 X 31,5 9 f; 16 p Contem Gozos á la Purísima por D. José Pinilla, Salve Inmaculada por el Pe. Eusebio Clop: franciscano francés e Letrillas a la Virgen.


A dedicatória a Ángel Tembra aparece na primeira página, no canto superior esquerdo.

«A D. Angel Tembra. Cura Ecónomo de Rianjo»

Na margem inferior esquerda da página 7 aparece o nome do copista.

«Es copia del P. Francisco Rodriguez. Herbón VI-13-08»

Resultam muito interessantes as obras que contem este documento. A primeira delas, Gozos á la Purísima foi composta por José Pinilla. Deve tratar-se de José Pinilla y Pascual (1837-1905) professor do conservatório de Madrid e autor de canções de contido religioso.
Mais interessante ainda é a Salve Inmaculada de Eusébe Clop de Sonieres, padre franciscano, compositor, mas, principalmente, divulgador da reforma gregoriana do papa Pio X. 

sábado, 21 de maio de 2016

Mireya Dieste. Uma carta desde Uruguai.

«Hemos quedado todos muy contentos con el regalo que tuvo Mireya en su último cumpleaños, co[mo] ella dice, de un piano que deja hecho un birria el vertical de su madre le regaló con tanto sacrificio! No hay sentimentalismo posible en este caso, y nos alegramos mucho. 
Estoy seguro que en su estado actual de madurez (y no hago cuenta de sus años), adelantará a pasos de gigante. Que estudie folklore americano, en especial de Brasil. Y hablaremos.»
Montevideo, 25 de Maio de 1941
Carta de Eduardo Dieste a Rafael Dieste.
Biblioteca Nacional de Uruguay Aceder

Eduardo Dieste Gonçalves (Rocha, Uruguai, 14 de novembro de 1881; Chile, 2 de setembro de 1954) casou em 12 de outubro de 1914 com Milka Isabel Fernández Leal (Salto,  Uruguai, 23 de dezembro de 1888; Montevideu, 7 de janeiro de 1962) com a que teve dois filhos, Mireya Magdalena Olegaria (1915-2015) e Juan Sebastián.
Quando Eduardo Dieste escreve esta carta dirigida ao seu irmão Rafael, Mireya, a grande pianista rianxeira, tinha 26 anos. O documento é de grande importância para os estudiosos dos Dieste e achega uma informação muito interessante sobre o nível como pianista que Mireya tinha alcançado na altura, assim como das grandes expectativas da sua família relativamente ao seu futuro como compositora. 

No nosso arquivo temos a partitura dum tango com o seu nome escrito a lápis.

Fondo Local de Música do Concello de R

Mireya foi, alem de grande pianista, musa para outros artistas como Eiroa ou Arturo Souto. Uma beleza, um exemplo de elegância e uma extraordinária mulher. 

Mireya Dieste
Pastel 1934
Arturo Souto
Museo Galego de Arte Contemporaneo Carlos Maside

Mireya Dieste
Mármore ca. 1934
Museo do Pobo Galego

domingo, 15 de maio de 2016

Manuel Esperante Peiteado e os Borregos de Taragonha.

Isto das redes é mágico. Resulta que Manuel Esperante Peiteado, avô taragonhês de Nicolas Esperante, o Violinista del Amor, vive em Buenos Aires e aos seus 97 anos mantêm toda a sua memória intacta. Manuel formou junto com os seus irmãos um grupo de gaiteiros, Os Borregos, que tocaram desde o ano  1934 até os primeiros 50. Um bom dia, Manuel chegou a Buenos Aires num vapor e decidiu ficar lá. 
Nicolás enviou-nos dois áudios no que o seu avô nos fala médio em galego, médio em argentino de Fortunato Iglesias Peiteado, o Paxaro, seu primo e meu caro professor de gaita, o qual um dia colheu a sua dorna e se levou a família para a Arousa.
No outro fala brevemente do período histórico no que tocaram Os Borregos. Acho que o interesse de ambas gravações é extraordinário. Obrigado, Nicolás.

Ouvir O senhor Colón.
Ouvir Os inícios.

Manuel e Nicolás Esperante

sábado, 14 de maio de 2016

Nicolás Esperante, o violinista do amor.

O amigo Carlos Ces enviou-me uma mensagem que chegou à caixa de correios do concelho. Trata-se do saúdo dum músico argentino cujo primeiro apelido não deixa lugar a dúvidas: Nicolás Esperante Alonso. Efetivamente, é um filho e neto de taragonheses, um filho pois da emigração rianxeira na Argentina. Como músico e técnico de som lidera a banda El Violinista del Amor, da que desde já me declaro fã incondicional. A sua história e longa de contar e tal vez demasiado intensa para estas páginas. Porem, desde o Fondo de Música do Concello de Rianxo queremos ser altifalantes não só dos vestígios dum passado indubitavelmente glorioso, senão também deste presente construido pela –na minha opinião– mais grande geração de artistas que teve o nosso concelho.

Argentina, anos 50.

Manuel Esperante Peiteado, camareiro de terceira do vapor Cabo de Buena Esperanza, teve de ficar em Buenos Aires, numa escala que fez o barco nos primeiros anos da década dos 50. As razões que o levaram a desembarcar são confusas, mas o certo é que em 1955 Manuel reclamou à sua mulher e ao seu filho de seis anos os quais se estabeleceram definitivamente na cidade do Plata.
Em Taragonha fica já pouca família direta, mas cabe destacar ao também ténico de som Carlos Torres.

El Violinista del Amor y los pibes que miraban.

A banda liderada por Nicolás Esperante define-se a sim mesmo como: «Vendedores de milagros usados que predican el fin de la esperanza tocando folclores de países muertos y cantando canciones e himnos de revoluciones que no fueron. Del gypsy jazz a las rancheras, de los balcanes a la Andalucía que vio nacer el spaghetti western; vagando como gitanos desarraigados de toda coherencia ideológica y musical.»
Está formada por Nicolás Esperante: voz, trombeta, banjo, guitarras, teclados, harmónica, percussão y guitarra. Nicolás Valdés: acordeão, guitarra e mandolina; Eduardo Renzi: bateria, Pablo Maillie : baixo.
Em 2015 publicam o seu quarto trabalho ate o momento titulado El ruido y la culpa: una opereta lastimera.
O quarto corte de El ruído y la culpa leva por título El Castro de Neixón. Numa viagem a Galiza –Segundo nos conta ele próprio– Nicolás ficou impressionado com o Castro de Neixón, dedicando-lhe este bonito relato fantástico. Ver vídeo.

Nicolás Esperante


Para mais informação: http://elviolinistadelamorylospibesquemiraban.bandcamp.com/

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Duas obras de Luís Brage

Entre as obras que fazem parte do depósito da Banda de Música de Assados, contamos com duas composições de Luís Brage Villar (Santiago de Compostela 1886-Santiago de Compostela 1956). Uma delas, Carrapucheirinha, é bem conhecida, mas a outra, Aragón, Jota, é para mim uma completa novidade. Não sabemos em que época chegaram estas obras ao arquivo da Banda de Assados mas é possível que antes da Guerra Civil. A banda fundada por Perfecto Iglesias nasceu em 1930 e teve grandes momentos nesses anos imediatos a contenda bélica.
Luís Brage, convencido republicano, sofreu a cadeia e o posterior silenciamento por parte das forças franquistas, sendo proibida a interpretação das suas composições. Das cerca de noventa obras suas registadas na SGAE, não encontramos nenhuma cujo título seja Aragón. Contudo, há que ser precavidos, já que as vezes os autores mudavam os títulos segundo os seus interesses mais imediatos. 

Aragón, Jota.
Guião em C mais papeis [Flauta; Requinto; Clarinete Pral, 1º, 2º ,3º; Saxo Alt 1º, 2º; Saxo Tenor; Saxo Barit.; Filiscorno 1º, 2º; Trombeta 1º, 2º, Trompas; Trombone 1º, 2º, 3º; Bombardinos; Baixos; Caixa; Bombo]. 23 folhas de 31'5x21'5 cm. aprox. 

Guião de Aragón, Jota.
Depósito da Banda da Escola de Música de Rianxo

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Academia de José Benito Piñeiro Jamardo

Um dos documentos mais surpreendentes e valiosos para documentar o nosso fundo musical é uma lista de assistentes ao que cremos era a academia musical de José Benito Piñeiro Jamardo (1876-1951). O seu pai, Manuel Jamardo, amigo pessoal de Arcos Moldes, já tivera academia como demonstra este anúncio do Anuario del comercio, de la industria, de la magistratura y de la administración. 1905 nº 5, referente ao concelho de Rianxo.


Na lista que apresentamos hoje há nomes muito conhecidos da vida musical dos anos 17-18. Entre os citados estão os Nine, os Criscos, os Dourado, os Varela, os Noya... Com certeza, muitos encontrareis aos vossos parentes.

Depósito de José Ramón Nine Piñeiro

sábado, 7 de maio de 2016

Hino a Rianxo

Desde o Fondo Local de Música do Concello de Rianxo abrimos este blogue para dar a conhecer os nossos fundos. A primeira entrada tinha de ser o Hino a Rianxo do compositor José Ramón Nine Piñeiro (7 de junho de 1895-18 de julho de 1936) e letra do poeta e pedagogo local Xosé Arcos Moldes (28 de maio de 1865-29 de dezembro de 1944).
A primeira parte da letra do hino aparece publicada em El Barbeiro Municipal, 3 de agosto de 1912, com o título Esperta! e a dedicatória «A mocidade rianxeira!». O texto lembra um bocado o poema A Galiza, de Francisco Añón, curiosamente publicado também em El Barbero Municipal em janeiro de 1911 e cuja partitura –do mestre compostelano Valverde– está depositada no nosso fundo.
Do Hino de Rianxo contamos com dois exemplares manuscritos, para tres vozes: dois tenores e baixo. Ambos pertencem ao espólio de José Ramón Nine Piñeiro.
Para mais informação Biografía de Arcos Moldes (Rianxo, apuntes dunha vila mariñeira.) 1865-1944 [Concello de Rianxo; Rianxo] 1994